domingo, abril 02, 2006

Alentejo na minh'alma!


> Foto do Norte-Alentejano em Março
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Provavelmente muitos conhecem aquele fado lamurioso que reza os seguintes versos:

Abalei do Alentejo,
Olhei para trás chorando,
Alentejo na minh'alma,
Tão longe me vais ficando.

Pois bem, nem sempre assim foi, e provavelmente nem sempre assim será.
O que é que nem sempre assim foi, nem sempre assim será? - Pergunta o leitor.
Simples, caro leitor, muito simples!
Nem sempre deixei para trás o meu Alentejo a chorar, e provavelmente nem sempre assim o deixarei.
Claro está que ao dizer "nem sempre", o leitor partirá do princípio que, se nem sempre, algumas vezes, pelo menos, assim foi.
Pois foi, muitas vezes saí do Alentejo chorando, com uma mágoa que parecia não ter fim.
Com um desespero que só parava quando chegava ao meu exílio meridional.
Com os olhos inchados e raiados de sangue que iam aclarando à medida que o tempo passava.
Mas, ainda hoje, decorridos quase 7 anos de uma guerra com batalhas dolorosas, há momentos em que, não obstante me sentir mais duro, mais confiante, mais determinado e instalado na vida, sinto o peso da necessidade constante de não misturar o local de nascimento com o local que escolhi para viver.
Mas batalhas todos nós enfrentamos, muitas vezes batalhas que nós próprios nos impomos. Batalhas que não nos são colocadas por outros, mas que nós próprios inventamos, porque o ódio é tanto, a mágoa é imensa, somos tão problemáticos, e estamos tão "malhadiços" (aculturação linguística), que não sabemos viver de outra forma que não seja apontando o dedo a tudo e a todos, mesmo que às vezes fosse mais racional apontar o dedo a nós próprios.
Enfim, se há os que se deixam espezinhar, há também os que são espezinhados sem tomarem uma atitude passiva, se há os que são justos a apontar o dedo, também há aqueles que apontam o dedo a tudo o que não corresponde às suas crenças e valores, se há os que têm fairplay, há aqueles que só sabem jogar pelas suas regras.
Para quê inventar problemas, para quê viver em constante sobressalto e em constante conflito?
Ninguém é perfeito, mas todos temos a obrigação, o dever de tentar ser felizes, e ser felizes sem estar sempre a culpar os outros pela nossa infelicidade.

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