quinta-feira, novembro 08, 2007

A história que um escritor vai escrevendo "para" um velho enfiado num quarto com uma secretária repleta de memórias...




Do que mais gostei neste livro foi a veemente assumpção do poder do escritor em decidir o futuro próximo do principal personagem.

terça-feira, outubro 23, 2007

Àqueles que contam...




- Time after time, de Cindy Lauper e Rob Hyman

Se há coisas que valem a pena, a maior delas é dedicarmo-nos sem esperarmos nada, àqueles que valem a pena.A eles todos, que escuso de nomear, porque eles sabem bem quem são, aqui ficam as palavras de uma Senhora com "S" grande.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Mediocridade Magnânima

«O mundo estará fodido de vez» disse então «no dia em que os homens viajarem em primeira classe e a literatura no vagão de carga».

MARQUEZ, Gabriel García, Cem Anos de Solidão, RBA, p. 306.

Este pequeno excerto extraído da obra magnânima de Gabriel García Marquez encaixa que nem uma luva no status quo imposto nesta sociedadezinha em que tudo o que é alimento para o "espírito" é coisa a banir, porque não importa saber nem aprender mais, não importa cultivar o nosso espírito crítico nem desenvolver a nossa criatividade, nem sonhar ou alienarmo-nos do real através da leitura de um bom livro, importa sim chegar pelo caminho mais rápido àquilo que aparentemente mais nos aproxima daquilo que a sociedade espera de nós.
Não duvido que há muito tempo que a literatura, neste país, se encontra no vagão de carga. Se é que alguma vez de lá saiu.


terça-feira, outubro 09, 2007

Coisas da Vida




Em resposta aos amigos que me perguntam o que é feito dos meus desenhos, aqui vai um que responde ao porquê da minha inércia bloguística nos últimos tempos.
Obrigados!

sábado, setembro 08, 2007

Rescaldo




Agora que faz hoje quinze dias que regressei de Madrid, que já descansei das férias fora de casa e que já tive uma semana com muitos papéis e coisas "para ontem" à espera em cima da minha secretária, é tempo de fazer um rescaldo da ida à capital dos nuestros hermanos.
E como um gesto vale mais do que mil palavras:
Vale a pena ir a Madrid, mais não seja para ver de perto Guernica.

domingo, agosto 26, 2007

Chueca

Para mais tarde recordar...



Não querendo ser redutor, Madrid tem, do meu ponto de vista, 3 coisas essenciais: uma urbanidade em que a Chueca e o seu sentido de liberalidade e de tolerância acolhem qualquer pessoa, independentemente da sua orientação sexual; o Museo Nacional del Prado - em que As Meninas de Velásquez ocupam, do ponto de vista do artifício artístico figurativo, um lugar cimeiro; o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em que a Guernica me arrepiou sobremaneira, para não falar de outras obras pictóricas e escultóricas de Picasso, Miró e Dali, entre outros nomes cimeiros das primeiras vanguardas artísticas do século XX.

domingo, agosto 19, 2007

Partida para férias...




Os nossos quatro personagens precisam de descansar e resolveram ir até Madrid. Em busca de novos saberes, novos sabores, novas aventuras, novas soluções para as suas vidas. Na bagagem levam a certeza de quererem aproveitar ao máximo cada minuto. Regressam em breve.
Até já!

quarta-feira, agosto 15, 2007

A solução




> Aimee Mann, Wise Up, Banda sonora original do filme "Magnolia".


Enquanto não nos mentalizarmos que a solução para os nossos problemas parte de nós mesmos, nada se resolve.

Batcat, Batcow, Superdog, Spiderchicken




Todos temos heróis, ainda que muitas vezes não saibamos ao certo quem são ou muitas vezes não tenhamos consciência de que nos moldam o modo de agir e olhar para o mundo.
Heróis porque: nos fascinam na representação, na escrita, em outras manifestações artísticas, nas actividades realizadas, no sucesso profissional alcançado, graças ao mérito; os admiramos pelos sentimentos e acções altruístas ou pelo grande espírito de sacrifício.
O heroísmo é algo que todos conseguimos alcançar, se não olharmos para o conceito como algo mítico, mas sim como algo próprio de quem quer ser sempre melhor.

terça-feira, agosto 14, 2007

Love Today, by Mika




Acho que este moço promete. O falsete, o ritmo, tudo.
E acho que esta música encaixa bem numa noite quente de Verão.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Família = Cumplicidade



Quanto mais o tempo passa, mais me apercebo que há pessoas que nunca deixarão de ser especiais para mim. Pessoas que para mim são família, quer porque o são de verdade, pelos laços de sangue, mas também pelos laços de amizade verdadeira, em que a cumplicidade é tal que ainda o outro não falou e nós já estamos a rir-nos porque sabemos o que vai dizer, ou a irritar-nos porque sabemos quais as pedras que traz na mão para nos atirar.
A amizade e o amor são isso mesmo: amargos de boca que de vez em quando vêm à tona; mas que facilmente são afundados por valores muito mais altos: os valores da cumplicidade e dos caminhos da vida percorridos em conjunto (ainda que intermitentemente); crescimentos em que a reciprocidade foi o veículo; interesses comuns ou partilhados que mantêm as pessoas sempre próximas.
E cada vez mais me convenço de uma coisa: quando alguém nos magoa, é porque esse alguém é muito especial para nós! Se não fosse não nos magoaria, simplesmente nos faria dizer coisas muito sentidas da boca para fora e depois ficaria aquela sensação fabulosa de alívio.
Colegas que nos magoam? Não existem. Camaradas de copos que nos magoam? Não existem.
Existe sim uma eterna necessidade de fazermos barulho para ocultar algumas frustrações ou impotências que não deixamos que façam muito barulho por elas próprias. Todos temos os nossos fantasmas, e por não sabermos lidar com eles frontalmente, inventamos fantasmas naqueles que pouco ou nada nos dizem.
Este post é para todos aqueles que preenchem verdadeiramente o meu coração. Eu e eles somos família (de corpo e/ou alma).

JET7 IN THE ALGARVE



quarta-feira, agosto 08, 2007

Há vidas (de cão) e vidas (de cão)...


Na senda das peripécias familiares, e porque um "pai" nunca faz diferença dos filhos, aqui fica o oposto das peripécias, ou seja, a ausência total delas, ainda que muito familiar também: o meu psicanalista a dormir.
Caso para dizer: Nem todas as vidas são de cão!

terça-feira, agosto 07, 2007

Peripécias familiares


Porque desde que, há quase 7 anos, entraram na minha vida dois cães, com cerca de dois meses cada um (segundo a veterinária, porque data exacta de nascimentos não há, como abandonados que eram), os considerei sempre parte da família, é uma história familiar que quero aqui partilhar, ilustrada pelo meu próprio pulso.
O meu cão mais pequeno, ironicamente nomeado homónimo do chefe da casa Olímpica, sempre matreiro e torto, após se ter levantado a mesa do jantar, saiu estrategicamente para a cozinha e aproveitou uma aberta para espreitar para dentro do balde do lixo, incuriamente esquecido aberto, enquanto a restante família já se acoitava no sofá da sala para acompanhar o desenvolvimento de mais uns CSI's.
Azar dos azares! No topo dos resíduos sólidos estava um saco de plástico sujo que restolhou quando Sua Excelência Canina resolveu espreitar para dentro do balde.
Esse barulho imediatamente fez com que se acendesse uma luz no cérebro do meu ilustre canito (a dizer "salta daqui que já foste apanhado"), que airosamente abandona o local do "crime" e vai para a varanda como se nada se tivesse passado.
Eu, a topá-las todas, não consegui disfarçar a risada que instantaneamente soltei.
Podem dizer que os cães agem por instinto, mas ninguém me convence que eles não têm sentimento de culpa.

sábado, agosto 04, 2007

O CENTÉSIMO

Às vezes é preciso parar...




Não sou muito amigo de estar sem fazer nada, mas às vezes é preciso.
Acho que estou numa fase em que preciso parar, não pensar, a não ser em relaxar, comer, dormir. Não fazer o que é preciso, mas sim fazer o que me apetece.

Mas é que não gosto mesmo nada...



sexta-feira, agosto 03, 2007

Continua a sonhar



Vivo num sonho,
Numa casa fútil,
Onde tudo componho,
Mesmo o inútil.

Desfiando a vida,
Na estrada sem fim,
Resignada, sentida,
Num alvor carmim.

Do fogo que me arde,
No peito amordaçado,
Amargo, inflamado.

Sonho meu que existe,
Num lamento triste,
De vida proibida.

CREPÚSCULO!

Apeteceu-me variar um pouco e deixar estas palavras de um Senhor:

Por mais que me tanjas perto
Quando passo triste e errante,
És para mim como um sonho -
Soas-me sempre distante...

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

(
Fernando Pessoa, Impressões do Crepúsculo, I, estrofes 3 e 4)

quinta-feira, agosto 02, 2007

Os personagens (4)



Este não chegou a ter outro aspecto que não fosse o que aqui apresento. Trata-se do Félix de la Fuente, irmão adoptivo de Kôlmes (foi adoptado pelo mesmo humano que adoptou o canídeo, dois meses depois daquele, eram ainda crianças), com quem tem uma relação típica de irmãos. Em termos profissionais, é uma autoridade da oratória quando é necessário infiltrar-se em bandos de vigaristas. Trata-se do intelectual do grupo. Onde quer que vá, leva sempre um livro. Tem, contudo, um problema, não sabe dizer os eles, o que desde logo é um entrave quando diz, simplesmente, que "vai uer um uivro". Outro problema: É alérgico a peixe!
Fica completo o leque dos protagonistas.
Os restantes vilões ou heróis, consoante as sensibilidades, vão aparecendo ao longo das vinhetas.

Os personagens (3)




Charoleeza Rice é uma vaca dócil e ao mesmo tempo firme e implacável, no que toca ao trabalho e à lidação com as outras “pessoas”. É de uma sinceridade absoluta e ferve em pouca água, mas depois de dizer o que lhe vai passando pela cabeça acalma e fica tudo como se nada se tivesse passado. O grande desgosto de Charoleeza é o nome que tem (vá lá a gente perceber), e que se deve ao facto de ser mestiça, filha de pai Charolês francês com ascendência americana paterna (Rice) e de uma mãe holandesa da região da Frísia, o que está bem patente na cor clara acompanhada de malhas pretas. Por isto tudo, para os amigos é simplesmente Lisa. Quanto à sua especialidade no ramo da investigação policial: profiler com dotes comprovados na área do paranormal. Tem um especial carinho por Kôlmes e quanto ao Kelog, é como se fossem cão e gato.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Os personagens (2)



Kelog Sportif é o pinto do quarteto de detectives. Como frango de aviário que é, é de um cosmopolitismo que chega a raiar o ridículo, pois para ele ovos e leite são originários, não dos galinácios como ele, ou das vacas, mas sim das grandes superfícies comerciais. Quando tem tempo livre pega no seu leitor de mp3 e vai fazer jogging para o parque da cidade, para, como ele diz, "purificar dos efeitos nefastos do monóxido de carbono que lhe corróem as entranhas". É absolutamente hipocôndríaco. No que respeita ao seu papel no contexto da investigação policial, é especialista em irritar a tal ponto os suspeitos, que só para não o ouvirem, confessam os seus crimes.

Os Personagens (1)





Não sendo, nem de perto, um especialista, tem-me dado um gozo enorme ir criando a Sussura qu’é ‘ma ‘spécie d’banda dsenhada.
Tal como aconteceu com muitos profissionais, também os meus personagens foram tomando forma, depois de vários desenhos em que as formas infantis deram lugar às definitivas, mais adultas, mais humanizadas e mais apropriadas ao espírito das histórias futuras.
Dos meus quatro futuros heróis, escolhi aleatoriamente o Kôlmes.

Kôlmes é um cão de um humor sarcástico, mas com um coração do tamanho do mundo. Como qualquer cão, não pode sentir os aromas de comida humana e pela-se pelos odores exalados pelos corpos femininos das moçoilas da sua espécie. Profissionalmente é, juntamente com o seu irmão adoptivo – o gato Poirrot, o pinto Kelog Sportif e a vaca Charoliza Rice, um detective sagaz e de uma perspicácia engenhosa.

segunda-feira, julho 30, 2007

SUSURRA QU'É 'MA 'SPÉCIE D'BANDA D'SENHADA



Depois da experiência do primeiro esboço, fica aqui a proposta para o início de muitas histórias. O título, inspirado nos Gato Fedorento: SUSSURA QU'É 'MA 'SPÉCIE D'BANDA D'SENHADA.

Espero que gostem.

domingo, julho 29, 2007

C(hicken) S(ob) I(nvestigação)




Numa brincadeira, deu-me para pegar num papel e numa caneta preta de desenho e vá de fazer um policial em bd. Passou-se o tempo, sem olhar para os ponteiros do relógio, e diverti-me a rabiscar, sem olhar à qualidade técnica.
Lema: a verdade, seja ela qual for, vem sempre ao de cima!

sábado, julho 28, 2007

Hoje (h)à noite!




Hoje à noite, num ambiente talvez aproximado do que se vive neste clip, vou dar um salto até ao Parque das Freiras! Levo comigo a intenção de visitar a Feira Arte Doce, conhecer um pouco dos futuros empreendimentos turísticos projectados para Lagos e, acima de tudo, ouvir a melhor banda portuguesa no activo - The Gift.
Hoje há noite!


quarta-feira, julho 25, 2007

62 ANOS


> Foto de Jola Dziubinska (www.pbase.com/jolka/image/52449585)


Parabéns Mãe!

terça-feira, julho 24, 2007

5 séries que nos marcaram...



Porque estas coisas dos blogs dão muito mais pica se houver "feed-back" e interacção, e para recuperar do tempo em que a preguiça me fazia andar numa certa inépcia bloguística, formalizo aqui um desafio, que já tinha sugerido num comentário ao Arion: 5 séries televisivas da minha vida.

Sem desprestígio de outras de que gostei muito, ficam aqui as seguintes, relativas a várias fases da minha existência (iniciada pouco depois do 25 de Abril de 1974; sim, que é sempre bom contextualizar para as pessoas perceberem as nossas escolhas):

- infância: Abelha Maia (o que eu gostava das peripécias da Maia, do Willy - pronunciado Vili, da aranha Tecla, do gafanhoto Filipe; da mestra Cassandra);

- segunda infância: Duarte & Companhia (os tijolos na mala da sogra, LOL);

- Adolescência: Dempsey e Makepeace (policial da BBC);

- Até há 2 anos atrás: Sete Palmos de Terra (a que mais me marcou, pela riqueza de cada personagem);

- Actualmente, depois de um dia de trabalho mais ou menos cansativo: CSI's (com apóstrofo, porque gosto muito dos 3: CSI; CSI New York; CSI Miami).

Os primeiros convidados que, espero, convidem outros tantos:

S.; Ouriço; Arion; Hydra; Bandida; Zéfiro.

Obrigados!

domingo, julho 22, 2007

Mais Portalegre...


> Palácio Amarelo, Portalegre, foto da minha autoria.

Estava um fim de dia lindo quando fotografei o Palácio Amarelo, solar do século XVII onde em tempos funcionou a Biblioteca Municipal.
Adoro esta foto!

Portalegre...


> Sé Catedral, Portalegre, foto da minha autoria.

Da minha terra, com algum distanciamento, cada vez mais sou capaz de filtrar os encantos que a enformam, de ter saudades daquilo que vale a pena ter saudades!

A sua construção data do século XVI. No século XVIII, foram feitas alterações profundas no edifício, sobretudo no exterior. Os retábulos, dos séculos XVI e XVII, constituem o maior conjunto de pinturas maneiristas do país.
(http://www.instituto-camoes.pt/cvc/excvirt/portalegre/percurso.html)




Cinco livros da minha vida...


> http://mel-melica.blogspot.com/2007/07/os-livros-mudam-as-pessoas.html


Em resposta ao desafio do meu querido AMIGO Arion, aqui vai uma possível listagem de 5 livros da minha vida. Mais haveria, mas os que passo a indicar marcaram-me muito!

- John Steinbeck:
O Inverno do Nosso Descontentamento.
- Jorge Amado:
Capitães da Areia.
- José Saramago:
Memorial do Convento.
- Marguerite Yourcenar:
Memórias de Adriano.
- Luís Sepúlveda:
História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar.


quinta-feira, julho 19, 2007

Bom fim-de-semana...


pwp.netcabo.pt/0510598901/portugal_ing.htm

Aí vou eu até à minha terra.
Por isso, bom fim-de-semana a todos!

quarta-feira, julho 18, 2007

Tony Face...




Como não fiquei muito convencido com o outro boneco Groeninguiano, fiz uns retoques e acho que agora estou mais parecido, com olhos claros e uma barriguinha...

terça-feira, julho 17, 2007

500 anos de arte através do rosto feminino...



Apesar de hiperdivulgado pelo mundo da web, e foi através dele que me chegou às "mãos", resolvi partilhá-lo porque foi um desafio reconhecer algumas das obras e outro maior será saber quais as que não consegui identificar - a maioria.

domingo, julho 15, 2007

CARMINA BURANA - Teatro das Figuras (Faro, 14 de Julho de 2007)

> Carmina Burana - O Fortuna



Foram 60 minutos, exactamente 60 minutos, em que os poros da minha pele se evidenciaram e os pelos se eriçaram. Vibrei com as magníficas prestações do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, da Orquestra Filarmónica Portuguesa e dos Pequenos Cantores de Ossónoba.

Pontos negativos: o atraso, não só da maior parte dos membros da classe política, mas de um autoproclamado jetset que faz gáudio no chegar atrasado, como se isso fosse um apanágio de boa educação e de privilégio de quem detém poder económico e/ou social. Quanto a mim é sinónimo de terceiro-mundismo e de uma grande falta de respeito, pelos artistas e pelos restantes espectadores, pois o barulho que os tacões das sandálias/mules das senhoras e os mocassins dos senhores faziam nos degraus do auditório, distraiu as audiências quando estava já a tocar a segunda música - Fortune plango vulnera.



Quanto aos Carmina Burana:



“Carmina Burana” é uma expressão em latim e significa “Canções de (Benedikt)beuern”. Durante a secularização de 1803, um volume de cerca de 200 poemas e canções medievais foi encontrado na abadia de Benediktbeuern, na Bavária superior. Eram poemas dos monges e eruditos errantes — os goliardos —, em latim medieval; versos no médio alto alemão vernacular, e vestígios de frâncico. O doutor bavariano em dialetos, Johann Andreas Schmeller, publicou a coleção em 1847 sob o título de “Carmina Burana”. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e soldados de Munique, cedo ainda deparou-se com esse códex de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em um happening — em “canções seculares (não-religiosas) para solistas e coros, acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.

Esta cantata é emoldurada por um símbolo da Antigüidade — o conceito da roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. E assim o apelo em coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”) tanto introduz quanto conclui a obra, que se divide em três seções: O encontro do Homem com a Natureza, particularmente com o Natureza despertando na primavera (“Veris leta facies”), seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (“In taberna”); e seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”).

(http://www.nautilus.com.br/~ensjo/cb/)





> Carmina Burana - In Taberna - Estuans Interius


Quanto à Fortuna, ao Destino, medievais, proclamados pelos padrões cristãos católicos do Juízo Final, serve esta cantata para nos esquecermos, momentaneamente, de que a fortuna somos nós que a construímos.



> Carmina Burana - Cour d'amours - Dies, nox et omnia

quinta-feira, julho 12, 2007

Custou mas foi...


> http://atuleirus.weblog.com.pt

Finalmente acabei de ler o livro O Esplendor de Portugal, de António Lobo Antunes. Custou mas foi. Não sei se foi por ter escolhido a hora de deitar para o ler, por estar cansado demais pelo trabalho árduo que tenho tido nos últimos tempos, ou simplesmente porque a saga de escritores a escrever sobre o saudosismo colonialista satura e afirma Portugal como um país com demasiadas saudades do passado e sem qualquer optimismo no futuro, certo é que me custou muito lê-lo. Várias vezes estive para desistir, mas a teimosia venceu, e lá consegui ler as histórias da Isilda, do Carlos, da Clarisse e do Rui, num eterno flashback alternado com o presente, numa busca incessante dos personagens em encontrar-se consigo próprios.
A ironia do Lobo Antunes está presente do princípio ao fim, e quando digo do princípio, digo mesmo do título, porque de esplendor não existe nada nas mágoas, ressentimentos e perdas que o livro ilustra, sentimentos tão próprios de um país dividido entre os que ficaram e os que partiram e regressaram - de África.

Lobo Antunes nega a apresentação de um país no seu esplendor histórico, ideológico e até de coesão nacional, preferindo desmistificar a importância de um passado glorioso à luz de um presente vazio. Nesta opção percebemos que o autor repudia a escolha do povo português em viver um tempo que “consiste num passado obsessivo, num presente sufocado (...) e num futuro do qual, sebasticamente, se espera o dia dos prodígios” (TEIXEIRA: 1998, 158). Ao rejeitar essa mitificação de um tempo expectante na repetição gloriosa da gesta pretérita, Lobo Antunes afirma a sua postura crítica em relação ao país (metonimicamente representado pelas personagens da narrativa), ainda não refeito de uma perda territorial não assumida verdadeiramente.

(
Manuela Duarte Chagas, O Eu ao Espelho do Outro: Portugal Revisitado em O Esplendor de Portugal, http://www.eventos.uevora.pt/comparada/VolumeI/O%20EU%20AO%20ESPELHO%20DO%20OUTRO.pdf)

quarta-feira, julho 11, 2007

Tony Simpson




Na onda dos avatares dos Simpson que o Hydrargirum e o Arion fizeram, eis o meu.
É engraçado, foi o melhor que consegui, mas acho que só uma coisa tem a ver comigo, o nariz.
Talvez seja mais fácil os outros, aqueles que nos conhecem bem, traçar um boneco mais fiel à nossa fisionomia real.
Se alguém quiser experimentar está à vontade, e em nada fere as minhas susceptibilidades.

domingo, julho 08, 2007


> Já agora este! O Rei em vez do Redentor! Please!

As 7 Maravilhas Nacionais e Mundiais:

Acerca do espectáculo de eleição das 7 maravilhas de Portugal (prólogo às Maravilhas do Mundo):

- A Marisa Cruz foi uma tristeza na qualidade de apresentadora. Quando os representantes das maravilhas eleitas pelos portugueses subiram ao palco para receber o galardão, a pergunta da apresentadora “O que tem para nos dizer?” soou-me como a antítese do que se estava a celebrar – maravilhas!

As maravilhas portuguesas também não estiveram mal:

- verdadeiramente bem escolhidas, no meu ponto de vista, foram Alcobaça, Guimarães e Batalha, pela sua carga histórica na afirmação da nacionalidade, no caso das segunda e terceira e pela sobriedade, monumentalidade e equilíbrio no caso da primeira.

Óbidos tem uma Marvão rival não menos encantadora, mas menos dinâmica e mais afastada dos roteiros turísticos.

A Torre de Belém e Jerónimos como representantes do período em que Portugal se afirmou como o fundador da aldeia global também foram uma escolha feliz.

O Palácio da Pena, sem dúvida interessante, não tem, todavia, a força dos restantes, e de Português tem talvez só o facto de se localizar na belíssima vila portuguesa de Sintra. Para além disso, faz também parte dos roteiros turísticos mais dinâmicos do país.

Acerca do espectáculo de eleição das 7 novas maravilhas do mundo:

- Foi importante e pode ter sido um importante cartão de visita para o nosso país. As imagens editadas sobre muitas das maravilhas do nosso país mostraram uma mestria no que toca a selecção e acho que foi oportuno mostrarmo-nos ao mundo, na qualidade de anfitriões do espectáculo em que se anunciam as novas maravilhas!

- A presença em palco dos representantes das maravilhas finalistas e a suposta entrega de prémios a todas elas miserável.

- A J Lo é uma cantora péssima, para não falar dos seus dotes como actriz.
- O Cristiano Ronaldo ser elevado ao título de maravilha de Portugal ao lado das sete eleitas é uma ofensa às que o não foram.

- Os compassos de espera foram um desastre.

- As criancinhas que acompanharam a Chaka Khan mais valia terem ficado a festejar o aniversário em casa, com os amiguinhos, pois amadorismos e gracinhas em ocasiões destas não.

- Os gritos “Viva Portugal” no final do espectáculo deram o mote ao provincianismo que ainda domina neste país. Embora anfitriões, o que se festejava no estádio da Luz era o Mundo, não o nosso país.

- O ponto alto da noite foi mesmo o dueto Dulce Pontes e José Carreras. Adorei o registo lírico da Dulce.

Quanto às maravilhas:

- Muralhas da China: aprovadíssima a escolha.

- Petra, idem aspas.

- Taj Mahal, ibidem.

- Machu Pichu, sim senhor.

- Coliseu de Roma, trocava-o pela Acrópole.

- Chichén Itzá, trocava-a pelas pirâmides de Gisé.

- Cristo Redentor: Please! Já agora o Cristo Rei de Almada.

Quanto à iniciativa do Suíço Weber, não esteve mal, e parece que vêm aí as 7 maravilhas da natureza. Como forma de preservar divulgando, pode ser um bom princípio, embora também possa ter o efeito contrário.

Quanto à recriação da ideia de Heródoto, é efectivamente impossível esquecer as maravilhas do mundo antigo, porque se tratava do espírito de uma época em que a Grécia Clássica era a fasquia de avaliação das outras civilizações.

Quanto a mim, toda a opinião suscitada por uma abertura mundial à eleição das maravilhas tem prós, mas também contras, porque muitas das eleições incorrem em bairrismos típicos de quem não vê mais longe ou de quem confunde o espaço em que as mesmas se inserem com elas próprias.

Quando se elege uma maravilha, deve-se ter em conta, não só o aspecto físico, a mestria dos seus projectistas e a sua permanência no tempo, mas também o seu aspecto simbólico.

Se falarmos no simbólico incorre-se no perigo de, elegendo algumas delas, como o Coliseu de Roma, festejarmos a morte de muitos seres vivos.

Acima de tudo há que encarar isto como um jogo, jamais como uma efectiva vinculação da categoria de maravilha a simplesmente 7 monumentos ou conjuntos monumentais.

sábado, junho 30, 2007

Mudam-se os tempos...



> Verka Serduchka - Dancing Lasha Dubai (Eurovision Song Contest 2007 - Ukraine Song)

Não há dúvida! A animação, o humor, a ousadia e os estilos alternativos vieram dar um novo fôlego à Eurovisão. Quem se lembra da Viva la Vida?



> Les fatals picards - L'amour a la française (France Song)

What goes around... comes around



> Justin Timberlake - What goes around

Pois é... acontece!

domingo, junho 24, 2007

Das músicas mais lindas para mim...




M People- Search for the hero

Todos temos que encontrar dentro de nós a força, é nessa força que reside a nossa permanência...

7 SECONDS...


- Youssou N'Dour e Neneh Cherry


Quando não se tem melhor para deixar registado, porque não registar as músicas que nos preenchem?

Adoro o Tom Sawyer...




O sorriso matreiro, as sardas salpicando a fronte afogueada, as gargalhadas que me provoca, o nervoso miudinho que o impede de parar um pouco.
Adoro o Tom Sawyer.

Para um amigo destas lides e de outras...

Tudo o que é bom acaba... e o que é mau também!





> Nelly Furtado: All Good Things, www.youtube.com

A máxima "tudo o que é bom acaba" é, talvez, um dos maiores lugares-comuns.

Melhor será dizer "tudo acaba!"

Melhor ainda é viver tudo com intensidade, nem que seja por um só dia, e aprender, crescer com isso.

domingo, abril 08, 2007

Amar = Fazer alguém feliz



> http://www.fantasticfiction.co.uk/b/marion-zimmer-bradley/catch-trap.htm

Presentemente ando a ler o livro Salto Mortal da escritora norte-americana Marion Zimmer Bradley, no original The Catch Trap.
A história ocorre nos anos 40 do século XX, em plena II Guerra Mundial e relata a história de uma família italo-americana de trapezistas muito fechada nas suas tradições e imbuída do rigor patriarcal das gerações mais antigas. No seio desta família, Matt Santelli (conhecido nos meios do circo por Mario), a estrela da nova geração, vive atormentado entre o rigor moral imposto pela família e pela sociedade do tempo e a força da sua intimidade, que o faz apaixonar pelo seu aprendiz, o promissor Tommy Zane, também ele oriundo dos meios circenses, onde seus pais se destacavam como domadores de felinos, que aliás sempre detestou. Não aos pais, mas aos felinos.
Sendo uma história como tantas outras, e da qual, como de muitas outras, se pode extrair algum pensamento ou ideia que mais toque cada um de nós, ressaltaram as seguintes palavras que contextualizadas dizem respeito a uma conversa entre Matt e Tommy depois do patriarca da família - Papa Tony (Tonio Santelli) - ter morrido, e em que o primeiro conta como o seu avô, Papa Tony, reagiu à sua homossexualidade:
- Eu estava à espera de um sermão sobre o pecado - disse -, quer dizer, eu estava à espera. Ele era sempre tão religioso. Mas ele limitou-se a dizer: «Matty, a forma como um homem vive, isso não interessa. É a forma como trata as outras pessoas que interessa.» E depois, por último, pôs as mãos em cima das minhas e, juro por Deus, Tom, eu comecei a chorar como um bebé, e ele disse-me para eu não chorar, que não interessava o que as pessoas me chamassem enquanto, e foi isso que me fez chorar ainda mais, enquanto as pessoas que eu amasse, fossem elas homens ou mulheres, ficassem melhor por me amarem e não pior.
(BRADLEY, Marion Zimmer, Salto Mortal, DIFEL, p. 477)
Se todos os seres humanos pensassem como o Papa Tony...

quarta-feira, abril 04, 2007

Malmequer não identificado


> Malmequer (foto da minha autoria)
Este malmequer, identificado de uma forma genérica, foi captado em Odeceixe.
Mais um desafio de identificação a um expert em botânica.

A Natureza como ela é



> Malva (foto da minha autoria)

Todos nós "colorimos" a nossa vida por tendências que perduram mais ou menos no tempo. Agora ando voltado para a fotografia e para a botânica espontânea que vai salpicando de cores o meio que nos rodeia ou o que procuramos para fugir à existência rotineira em que todos acabamos por mergulhar.

Esta malva, cuja subespécie não sei identificar, foi apanhada pela minha máquina digital em Vila Nova de Milfontes, e marcou mais um dia de simplicidade em que o mar esteve sempre presente, em comunhão com os cursos de água doce que nele desaguam.

Quanto ao espécime retratado, pode ser que algum expert em botânica visite este post e me esclareça sobre o nome científico e popular do mesmo. Aqui fica o desafio.

quarta-feira, março 21, 2007

Correcção ao lapso da Aula de Botânica 2


Afinal os lupinos não são pouco comuns, o mestre disse que nunca tinha visto tantos juntos. Ainda assim, acho que moro num sítio maravilhoso, com verde natural ainda por perto. Até a especulação imobiliária não acabar com ele.
Também aprendi o que era a Aroeira (Pistacia lentiscus) e foi-me dado a cheirar o que erradamente identifiquei como orégãos, tomilho (Thymus vulgaris).
Da próxima vez que me deparar com uma receita culinária cujo um dos ingredientes seja o tomilho, já sei onde ir «comprar».
Viva a Natureza!

terça-feira, março 20, 2007

Aula de Botânica 2

Também aprendi o nome destes, ou muito similares, os Lupinos (Lupinus arboreus), que são da família do tremoceiro, e que não são muito comuns nesta zona. Por isso apetece‑me concluir que vivo num local que a natureza privilegiou. Sou ou não um aluno atento?

Aprender in situ


www.minerva.uevora.pt/publicar/sbento/flora.htm

Daqui a bocado, quando forem 0h6m, tem início a Primavera.
Esta roselha ou Cistus crispus lembra-me um belo passeio, com direito a ensinamentos de botânica, pelo mato onde todos os dias vou passear com os meus cães. Se o passeio foi óptimo, o mestre foi excelente.

quinta-feira, março 08, 2007

Cantochão



http://barenforum.org/blog/images/Serengeti.Plain.jpg

O último livro que terminei, no dia 6, chama-se Cantochão, é da autoria de Kent Haruf, um escritor norte-americano contemporâneo, do Colorado. No original, Plainsong. A escolha do título deixa entrever a paz, a tranquilidade e a simplicidade tocante que ele transmite, e é de facto com muita calma e simplicidade que nos toca a solidariedade entre um grupo de seres humanos que constituem os personagens centrais deste livro.

Ella: uma mulher deprimida que parte para Denver, deixando para trás o marido e os filhos. (não a considero protagonista, mas merece uma palavra ao contrário dos outros secundários).
Tom Guthrie: o marido abandonado, professor de História numa Secundária, a braços com dois filhos de 10 e 11 anos, com problemas disciplinares com um aluno rebelde e indisciplinado que é acicatado incondicionalmente pelos pais, tão «maus» ou «piores» que ele.
Ike e Bobby: os filhos de 11 e 10 anos de Ella, crescidinhos antes do tempo, trabalham para ajudar o pai ou simplesmente para ocuparem as suas vidas, mas como todos os humanos de 11 e 10 anos manifestam comportamentos de criança, sobretudo na forma como olham curiosamente para as questões da sexualidade.
Victoria Roubideux: a adolescente que engravida e se vê expulsa da casa da mãe, sendo acolhida pelos três personagens seguintes.
Maggie Jones: professora, colega e namorada de Tom, vive com o pai doente de Alzheimer. É a âncora, o conforto para todos estes personagens.
Raymond and Harold: irmãos e idosos agricultores, celibatários, de uma pureza emocionante, vivendo na sua quinta isolada à espera que chegue a sua hora. Ao acolherem Victoria recebem um novo estímulo para viver.
Os outros personagens, independentemente da importância que pudessem ter tido na vida destes aqui listados, retratam com os protagonistas uma sociedade onde a mesquinhez e a falta de respeito contribuem ainda mais para unir os que eventualmente sejam, ainda que só aparentemente, mais vulneráveis.

quarta-feira, março 07, 2007

Pavões ou a Arte de Coçar a Micose?


Despedimentos na Função Pública?
Não discordo em locais em que a moralidade laboral e a imparcialidade das avaliações sejam garantidas.
Não discordo, se não houver tachismos na ocupação de cargos e pavoneamentos inúteis de líderes ou de falsos trabalhadores, que brilham à custa dos outros quando passam o tempo a coçar a micose.

Natividade



> mrsbird.net/Vintage%20Baby%20Clothes.htm

Daqui a uns aninhos já brincas num vestidinho destes.

Por enquanto, tão indefesa e pequenina, sê bem-vinda!

domingo, março 04, 2007

Vermelho Transparente



> Helena Laureano e Luís Esparteiro em http://numb.deslizo.net/arquivos/2006/12/vermelho_transp.html

Tal como tinha "prometido" num post anterior voltei a consumir Teatro na cidade que adoptei para viver. Desta vez, novamente muito bem acompanhado, foi a vez de assistir à peça "Vermelho Transparente", em cena no auditório do Centro Cultural de Lagos, no dia 3 de Março.
A Helena Laureano encantou-me com o desempenho de três personagens que podemos conjugar como a tese, a antítese e a síntese de uma mulher que procura encontrar-se a si mesma, e que ao encontrar-se se resume como uma pessoa que acredita que o amor a poderia ter salvo, mas tarde demais para ela, ou melhor, para eles, porque se ela resolve pôr fim à vida, também o psicanalista desempenhado por Luís Esparteiro se vê confrontado com o facto de nem sempre o profissionalismo ser eficiente para ajudar os seus clientes.
Bela peça para abrir o mês dedicado ao Teatro e à Poesia. E volto a dizer, a companhia era muito boa também. Aliás, uma companhia que festejei no post anterior e que me tem feito sorrir e acreditar no amor, tal como a Teodora da peça que aqui anuncio.
Sobre a peça vasculhei em alguns sites, com o mote de poder divulgar o que de bom se faz por este país. Deixo aqui algumas transcrições sobre o assunto:
Vermelho Transparente “traça o rumo de um ser humano, no caso uma mulher, que começa a equacionar a pequena diferença entre o que pensa e o que faz: neste caso, matar o marido, é uma tentação, uma perspectiva, um projecto? Uma realização? Quando, um dia, do alto dum andaime dum décimo oitavo andar ela sente uma vertigem e vai a apoiar-se no braço do marido e ele descobre que ela o poderá empurrar. Quando, um dia, o psicanalista vai ao seu encontro na esquálida cela de um hospital psiquiátrico, ela irá fazer-lhe as contas à vida. Ao saldo da vida. Àquilo que resta da vida, depois de se ter perdido tudo. Então, o que sobra?”.

Escrita por Jorge Guimarães e encenada por Rui Mendes, esta peça esteve em cena, como estreia, no Teatro Nacional D. Maria II, entre 7 de Novembro e 23 de Dezembro de 2006.
No site do TNDMII encontrei a sinopse institucional, que copio para aqui também:

Rui Mendes encena este “thriller” psicológico que conta com as interpretações de Luís Esparteiro e Helena Laureano.
Mercedes, de 38 anos, procura um psicanalista para lhe falar do sonho recorrente que tem com um vestido vermelho. No sonho, vê o marido, António, fazer amor com a irmã gémea, Dora.
É a primeira de uma série de sessões em que a arquitecta vai revelando, gradualmente, os seus traumas: uma infância atormentada pela indiferença do pai, um juiz pouco dado à fidelidade; uma adolescência afligida pelos ciúmes da irmã (a preferida do progenitor); um casamento perturbado pelo fantasma da traição.
Numa das sessões, Mercedes relata um episódio estranho que acaba de lhe acontecer: numa visita a uma torre em que está a trabalhar, António perde o equilíbrio e julga estar a ser alvo de uma tentativa de assassinato por parte da mulher. O psicanalista tenta escalpelizar o momento, mas Mercedes esquiva-se e acabará por não voltar às sessões de terapia.
Quem vem ao consultório é Dora, a gémea, que anuncia o pior: António morreu em circunstâncias misteriosas. Teria sido obra de Mercedes, sua mulher? Teria sido Dora, sua cunhada e amante?
A verdade, porém, está longe de ser simples e no último acto da peça encontraremos Dora internada num hospital psiquiátrico, acusada de um crime que talvez não tenha cometido...

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

FEVEREIRO... até para o ano!



dnr.state.il.us/publicservices/photos/scenics.htm

Contrariamente a esta foto bonita, mas fria, este Fevereiro fica marcado por um grande conforto da minha alma.

Sim, da alma, porque são os estados de alma que nos fazem bater aceleradamente o coração.

O dia 16 marcou o início de uma fase que, espero, venha a ser renovada e celebrada todos os dias 16, de uma forma especial.

Por isso, Fevereiro, até para o ano, e de preferência, que continues a ser sinónimo de conforto e de felicidade.

Venha o Março Marçagão, traga ele Inverno ou Verão.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

HÁ TANTO TEMPO



do folheto da peça, da DESIGN AO VIVO


Recorda os velhos tempos, mas não vivas em função deles.

Talvez seja esta a mensagem principal da peça Old Times de Harold Pinter, encenada pela OMINED (Oficina Municipal de Iniciação à Expressão Dramática), dirigida por Duval Pestana. Pelo menos foi a frase que o meu intelecto construiu assim que terminou a salva de palmas ao elenco de jovens e bons actores lacobrigenses, dos quais se destacaram, pelas excelentes interpretações, as duas jovens actrizes. Para além disso gostei do encontro de manifestações artísticas, onde a Música, o Cinema e a Fotografia complementaram bem o Teatro propriamente dito.

A história gira em torno de Katie, uma rapariga outrora, uma mulher agora, entalada entre o passado partilhado com uma grande amiga, com a qual tinha uma relação quase, se não mesmo, homossexual, e o presente, partilhado com um marido pelo qual não nutre mais do que uma eventual paixão. Por um lado recorda sorrindo o passado, por outro descobre que nesse passado a sua grande amiga quase lhe roubava a sua identidade, quando esta vem visitá-la a Inglaterra e por outro lado descobre que o seu marido, outrora conhecido da sua amiga, a trata como se ela fosse uma extraterrestre.
Numa confrontação de verdades que só agora vêm ao de cima, Katie opta por se libertar… do passado que já foi e do presente que nunca foi nem deixou de ser (passe a ambiguidade), e resolve ser ela própria.

No Sábado passado fui ao Teatro. Há muito tempo que não ia ao Teatro, o que até parece mal numa pessoa que chegou a fazer parte da mailing list do Grupo de Teatro de Portalegre, pois não havia peça encenada por eles ou Festival Internacional de Teatro daquela cidade onde eu não estivesse batido.

Mas transferido de armas e bagagens para Lagos, é aqui que me compete continuar a ver Teatro, e a fazer parte do grupo dos habitués que consomem o que vem de fora, mas também o que se faz cá dentro, dentro de Lagos, e digo-vos que se vão fazendo coisas de boa qualidade.

Quanto à Ficha Artística e Técnica:
OLD TIMES de Harold Pinter

Texto base: “Há Tanto Tempo” na tradução de Jorge Silva Melo

Encenação: Duval Pestana
Interpretação: Mónica Mayer, Neusa Dias, Henrique Pereira, Joel Correia, Ricardo Vaz Trindade
Composição Musical: Tiago Cutileiro
Solista Convidado: João Pedro Cunha [ao violino, ficou bem no conjunto cenográfico e na ambiência vivida]
Realização Cinematográfica: Micael Espinha
Apoio à Realização: Pedro Noel
Volumetria e Desenho de Luz: Duval Pestana
Figurinos e Adereços: Isa Formosinho
Fotografia: Francisco Castelo
Grafismo: Paula Gonçalves
Direcção de Cena:
Andrea Martins
Iluminação: Carlos Barradinha
Som: Tiago Boto
Coordenação Técnica: Ana Paula Santos
Ateliê de Costura: Maria Cristalina BaptistaApoio Logístico: DASU e DECI (CML)

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Uma questão de atitude...



http://genealogia.netopia.pt/livraria/livro.php?id=518

Parecia viver para esse projecto, omnipresente no seu ânimo, sem o qual a sua vida já não poderia fazer sentido. Cabe falar aqui de um desmedido sentido de grandeza que o caracterizou, e que tanta atracção suscitou e continua a provocar em muitos portugueses: todo o tipo de grande paixão, amor incluído, e mais ainda se é extremo e desmesurado, provoca fascínio e atracção irresistível. Para os grandes seres humanos, nada há de mais desprezível do que o anódino. Preferem a escravidão e dependência que geram os instintos mais primários à miséria de uma conduta insignificante. A própria vida é paixão e exagero, e quando é canalizada por uma ordem repressora e impositiva, ou simplesmente por caminhos apertados, perde força, beleza, e reprime ou destrói grande parte da riqueza que habita em todo o ser humano. Uma ordem estabelecida que seja aniquiladora da pessoa é, ao mesmo tempo, desordem. Por isso, muito provavelmente, D. Sebastião, que se situa fora dos parâmetros do «normal», que possui uma descontrolada e desconcertante alma gigante, continua a ser uma personalidade atraente.

(BAÑOS-GARCÍA, António Villacorta, D. Sebastião Rei de Portugal, A Esfera dos Livros, Lisboa, 2006, pp. 219-220.)
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Muitos notabilizaram-se pelos feitos cometidos. Muitos outros pelas aspirações que tiveram, pela sua perseverança, ainda que por ela tenham sido conduzidos ao fracasso, mas mesmo assim à imortalidade.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Homem-rato



http://www.one2one-development.com/fitzydaredevils/page.asp?idno=298

Embora seja um texto que de literário tem muito pouco, também nem só de qualidade o ser humano se rodeia, e como nos últimos dias tenho pensado sobre este assunto, aqui deixo um texto que encontrei algures na World Web Wide, adaptado do Português do Brasil para o nosso Português.

O rato, como toda a gente sabe, é um roedor asqueroso. Além de transmitir doenças, ele causa verdadeiro nojo às pessoas.Mas existe outra espécie de rato que pode causar muito mais pânico: o homem-rato. Ele não tem dentões, não é peludo, mas é asqueroso. E o pior: muitas vezes tu não percebes que aquele menino tão bonitinho é na verdade um ratão, uma verdadeira ratazana do esgoto.Para não correres o risco de contrair leptospirose ou ficar com o coração partido por causa de um ratão, vou ajudar-te a identificar a espécie mais comum. O homo sapiens ratus. É por isso um verdadeiro serviço de utilidade pública. Características do homo sapiens ratus:
- Ele tem medo de qualquer tipo de compromisso. Por isso, não liga no dia seguinte, pois acha que isso significaria que vocês são quase namorados.
- Muitas vezes ele omite algumas informações sobre a sua vida. Por exemplo: ele tem namorada ou namorado. Ou acabou de voltar para o/a ex, com quem ele (disse que) tinha terminado na semana passada.- Ele diz que te adora, que és uma pessoa superior. Só que ele não conta que tem mais algumas pessoas superiores na vida dele. Incluindo algumas pessoas que tu conheces e que vivem perto de ti, ou com quem te relacionas muito bem.
- Vocês podem fornicar, mas ele não vai dormir na tua casa. Ele só consegue dormir na toca.
- Ele acha que o seu comportamento canalha é completamente normal. Porque ele é um rato de corpo e alma. Então se tu te sentires triste e afectado/a, ele vai achar que és stressado/a, ou louco/a. Para ele, nada do que fez é errado.
- Depois de algum tempo, vais descobrir que ele sempre foi rato, desde que se entende como gente. E aí vais fazer a seguinte pergunta: como é eu não percebi que ele era um ratão? * Eu já me meti com vários ratões. Agora aprendi como reconhecê-los e comprei várias ratoeiras. Mas nem sempre funciona...

Qualquer semelhança com a vida real é pura coincidência!
Concluo com esta pequena reflexão: infelizmente, cada vez há mais homo sapiens ratus e menos homo sapiens honestus.