segunda-feira, outubro 22, 2007

Mediocridade Magnânima

«O mundo estará fodido de vez» disse então «no dia em que os homens viajarem em primeira classe e a literatura no vagão de carga».

MARQUEZ, Gabriel García, Cem Anos de Solidão, RBA, p. 306.

Este pequeno excerto extraído da obra magnânima de Gabriel García Marquez encaixa que nem uma luva no status quo imposto nesta sociedadezinha em que tudo o que é alimento para o "espírito" é coisa a banir, porque não importa saber nem aprender mais, não importa cultivar o nosso espírito crítico nem desenvolver a nossa criatividade, nem sonhar ou alienarmo-nos do real através da leitura de um bom livro, importa sim chegar pelo caminho mais rápido àquilo que aparentemente mais nos aproxima daquilo que a sociedade espera de nós.
Não duvido que há muito tempo que a literatura, neste país, se encontra no vagão de carga. Se é que alguma vez de lá saiu.


3 comentários:

Anónimo disse...

Se é que alguma vez de lá saiu, dizes bem! O Miguel Torga teria gostado de te conhecer.

Hydrargirum disse...

Nao e so a literatura que esta no vagao da carga....

Tenho uma lista infidavel que fariam do vagao um nucleo Terrestre...Pressao quasi-infinita!

Bandida disse...

sempre andou no vagão de carga pois. malgré nous...
e mais uns quantos. a saber - muitos. a mediocridade apaga chamas. em nome de princípios e de actos falhados. absolutos castradores da verdade. e o que é mais grave é que o fazem em nome da dita (sua)verdade que mais não é que um encosto de tristeza. infinita.


gostei muito desta tua reflexão. mesmo muito.

beijo


B.