> Helena Laureano e Luís Esparteiro em http://numb.deslizo.net/arquivos/2006/12/vermelho_transp.htmlTal como tinha "prometido" num post anterior voltei a consumir Teatro na cidade que adoptei para viver. Desta vez, novamente muito bem acompanhado, foi a vez de assistir à peça "Vermelho Transparente", em cena no auditório do Centro Cultural de Lagos, no dia 3 de Março.
A Helena Laureano encantou-me com o desempenho de três personagens que podemos conjugar como a tese, a antítese e a síntese de uma mulher que procura encontrar-se a si mesma, e que ao encontrar-se se resume como uma pessoa que acredita que o amor a poderia ter salvo, mas tarde demais para ela, ou melhor, para eles, porque se ela resolve pôr fim à vida, também o psicanalista desempenhado por Luís Esparteiro se vê confrontado com o facto de nem sempre o profissionalismo ser eficiente para ajudar os seus clientes.
Bela peça para abrir o mês dedicado ao Teatro e à Poesia. E volto a dizer, a companhia era muito boa também. Aliás, uma companhia que festejei no post anterior e que me tem feito sorrir e acreditar no amor, tal como a Teodora da peça que aqui anuncio.
Sobre a peça vasculhei em alguns sites, com o mote de poder divulgar o que de bom se faz por este país. Deixo aqui algumas transcrições sobre o assunto:
Vermelho Transparente “traça o rumo de um ser humano, no caso uma mulher, que começa a equacionar a pequena diferença entre o que pensa e o que faz: neste caso, matar o marido, é uma tentação, uma perspectiva, um projecto? Uma realização? Quando, um dia, do alto dum andaime dum décimo oitavo andar ela sente uma vertigem e vai a apoiar-se no braço do marido e ele descobre que ela o poderá empurrar. Quando, um dia, o psicanalista vai ao seu encontro na esquálida cela de um hospital psiquiátrico, ela irá fazer-lhe as contas à vida. Ao saldo da vida. Àquilo que resta da vida, depois de se ter perdido tudo. Então, o que sobra?”.
Escrita por Jorge Guimarães e encenada por Rui Mendes, esta peça esteve em cena, como estreia, no Teatro Nacional D. Maria II, entre 7 de Novembro e 23 de Dezembro de 2006.
No site do TNDMII encontrei a sinopse institucional, que copio para aqui também:
Rui Mendes encena este “thriller” psicológico que conta com as interpretações de Luís Esparteiro e Helena Laureano.
Mercedes, de 38 anos, procura um psicanalista para lhe falar do sonho recorrente que tem com um vestido vermelho. No sonho, vê o marido, António, fazer amor com a irmã gémea, Dora.
É a primeira de uma série de sessões em que a arquitecta vai revelando, gradualmente, os seus traumas: uma infância atormentada pela indiferença do pai, um juiz pouco dado à fidelidade; uma adolescência afligida pelos ciúmes da irmã (a preferida do progenitor); um casamento perturbado pelo fantasma da traição.
Numa das sessões, Mercedes relata um episódio estranho que acaba de lhe acontecer: numa visita a uma torre em que está a trabalhar, António perde o equilíbrio e julga estar a ser alvo de uma tentativa de assassinato por parte da mulher. O psicanalista tenta escalpelizar o momento, mas Mercedes esquiva-se e acabará por não voltar às sessões de terapia.
Quem vem ao consultório é Dora, a gémea, que anuncia o pior: António morreu em circunstâncias misteriosas. Teria sido obra de Mercedes, sua mulher? Teria sido Dora, sua cunhada e amante?
A verdade, porém, está longe de ser simples e no último acto da peça encontraremos Dora internada num hospital psiquiátrico, acusada de um crime que talvez não tenha cometido...