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Parecia viver para esse projecto, omnipresente no seu ânimo, sem o qual a sua vida já não poderia fazer sentido. Cabe falar aqui de um desmedido sentido de grandeza que o caracterizou, e que tanta atracção suscitou e continua a provocar em muitos portugueses: todo o tipo de grande paixão, amor incluído, e mais ainda se é extremo e desmesurado, provoca fascínio e atracção irresistível. Para os grandes seres humanos, nada há de mais desprezível do que o anódino. Preferem a escravidão e dependência que geram os instintos mais primários à miséria de uma conduta insignificante. A própria vida é paixão e exagero, e quando é canalizada por uma ordem repressora e impositiva, ou simplesmente por caminhos apertados, perde força, beleza, e reprime ou destrói grande parte da riqueza que habita em todo o ser humano. Uma ordem estabelecida que seja aniquiladora da pessoa é, ao mesmo tempo, desordem. Por isso, muito provavelmente, D. Sebastião, que se situa fora dos parâmetros do «normal», que possui uma descontrolada e desconcertante alma gigante, continua a ser uma personalidade atraente.
(BAÑOS-GARCÍA, António Villacorta, D. Sebastião Rei de Portugal, A Esfera dos Livros, Lisboa, 2006, pp. 219-220.)
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Muitos notabilizaram-se pelos feitos cometidos. Muitos outros pelas aspirações que tiveram, pela sua perseverança, ainda que por ela tenham sido conduzidos ao fracasso, mas mesmo assim à imortalidade.