sexta-feira, janeiro 26, 2007

Uma questão de atitude...



http://genealogia.netopia.pt/livraria/livro.php?id=518

Parecia viver para esse projecto, omnipresente no seu ânimo, sem o qual a sua vida já não poderia fazer sentido. Cabe falar aqui de um desmedido sentido de grandeza que o caracterizou, e que tanta atracção suscitou e continua a provocar em muitos portugueses: todo o tipo de grande paixão, amor incluído, e mais ainda se é extremo e desmesurado, provoca fascínio e atracção irresistível. Para os grandes seres humanos, nada há de mais desprezível do que o anódino. Preferem a escravidão e dependência que geram os instintos mais primários à miséria de uma conduta insignificante. A própria vida é paixão e exagero, e quando é canalizada por uma ordem repressora e impositiva, ou simplesmente por caminhos apertados, perde força, beleza, e reprime ou destrói grande parte da riqueza que habita em todo o ser humano. Uma ordem estabelecida que seja aniquiladora da pessoa é, ao mesmo tempo, desordem. Por isso, muito provavelmente, D. Sebastião, que se situa fora dos parâmetros do «normal», que possui uma descontrolada e desconcertante alma gigante, continua a ser uma personalidade atraente.

(BAÑOS-GARCÍA, António Villacorta, D. Sebastião Rei de Portugal, A Esfera dos Livros, Lisboa, 2006, pp. 219-220.)
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Muitos notabilizaram-se pelos feitos cometidos. Muitos outros pelas aspirações que tiveram, pela sua perseverança, ainda que por ela tenham sido conduzidos ao fracasso, mas mesmo assim à imortalidade.

4 comentários:

Comodoro disse...

Quando acabei de ler esse livro, fiquei com a nítida sensação de que apesar de exagerado e arrebatador, D. Sebatião, foi um homem cheio de coragem e de grandesa, pois soube se opôr aos desígnios dos seus primos Espanhois e à igeja que, de forma nemhuma queriam que, embarcasse na aventura Africana de Alcáser Quibir.
O premio Nobel já para o meu mano Muso.
Adorei este post.
Parabéns.

Anónimo disse...

Historicidade à parte, eis que até nos assuntos de reis que são nossos, a nação vizinha reconhece o trabalho intelectual, estimula-o, publica-o e invade-nos de traduções das suas teses! Neste campo de futebol à beira-mar plantado não é preciso pensar, só roubar! Ainda hei-de ver a esfera armilar da bandeira nacional substituída por uma bola de futebol, digo-te eu que nada sei!

sotavento disse...

Eu cá gosto dos dias de nevoeiro!... :)

Muso disse...

Comodoro: o problema é saber onde acaba a coragem e começa a estupidez. teimosia não lhe faltava de facto. :)

Arion: desculpa, qualquer dia a bandeira nacional deixa de ter uma forma rectangular e passa a ter uma forma redonda, e o verde e vermelho darão lugar ao xadrez do esférico e a esfera armilar à águia, ao leão e ao dragão.

Sotavento: e com as nevoeiramas que costuma haver ali no Paul, qualquer dia aparece-nos o rei com uma grande capeline. :)