domingo, julho 15, 2007

CARMINA BURANA - Teatro das Figuras (Faro, 14 de Julho de 2007)

> Carmina Burana - O Fortuna



Foram 60 minutos, exactamente 60 minutos, em que os poros da minha pele se evidenciaram e os pelos se eriçaram. Vibrei com as magníficas prestações do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, da Orquestra Filarmónica Portuguesa e dos Pequenos Cantores de Ossónoba.

Pontos negativos: o atraso, não só da maior parte dos membros da classe política, mas de um autoproclamado jetset que faz gáudio no chegar atrasado, como se isso fosse um apanágio de boa educação e de privilégio de quem detém poder económico e/ou social. Quanto a mim é sinónimo de terceiro-mundismo e de uma grande falta de respeito, pelos artistas e pelos restantes espectadores, pois o barulho que os tacões das sandálias/mules das senhoras e os mocassins dos senhores faziam nos degraus do auditório, distraiu as audiências quando estava já a tocar a segunda música - Fortune plango vulnera.



Quanto aos Carmina Burana:



“Carmina Burana” é uma expressão em latim e significa “Canções de (Benedikt)beuern”. Durante a secularização de 1803, um volume de cerca de 200 poemas e canções medievais foi encontrado na abadia de Benediktbeuern, na Bavária superior. Eram poemas dos monges e eruditos errantes — os goliardos —, em latim medieval; versos no médio alto alemão vernacular, e vestígios de frâncico. O doutor bavariano em dialetos, Johann Andreas Schmeller, publicou a coleção em 1847 sob o título de “Carmina Burana”. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e soldados de Munique, cedo ainda deparou-se com esse códex de poesia medieval. Ele arranjou alguns dos poemas em um happening — em “canções seculares (não-religiosas) para solistas e coros, acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.

Esta cantata é emoldurada por um símbolo da Antigüidade — o conceito da roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. E assim o apelo em coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”) tanto introduz quanto conclui a obra, que se divide em três seções: O encontro do Homem com a Natureza, particularmente com o Natureza despertando na primavera (“Veris leta facies”), seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (“In taberna”); e seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”).

(http://www.nautilus.com.br/~ensjo/cb/)





> Carmina Burana - In Taberna - Estuans Interius


Quanto à Fortuna, ao Destino, medievais, proclamados pelos padrões cristãos católicos do Juízo Final, serve esta cantata para nos esquecermos, momentaneamente, de que a fortuna somos nós que a construímos.



> Carmina Burana - Cour d'amours - Dies, nox et omnia

6 comentários:

Anónimo disse...

Tudo encostado a uma parede no exterior do teatro e fuzilado! Aprendiam logo a chegar a horas!

Muso disse...

Arion: isso não, mas arrancar os cabelos com uma pinça, um por um, a essas senhoras e cavalheiros, e obrigá-los a usar chanatas da Modalfa, isso sim... queres humilhação pior para essa gente?

Hydrargirum disse...

Pronto, voltei para psitacitar!

Adoro a obra e vi-a na Gulbenkian! Acho que foi isto que tinha escrito!

Este post esta mais composto!Gostei que tivesses posto a descricao da obra...muita gente nao sabe a sua origem!

:)

Muso disse...

hidrargirum: Muito obrigado pela tua psitacitação (não conhecia a palavra, mas soou-me bem ;)) e encorajamento. Um abraço!

Comodoro disse...

Volto a comentar
Adoraria ter ido ver a ópera ao vivo, mas não foi possivel, ficará para uma outra vez.
De qualquer forma fico muito feliz por teres gostado e por teres passado uma´óptima noite.
O que vi na tv, adorei.
:)

Muso disse...

Comodoro: valeu mesmo a pena!